sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

2010 - pulando as sete ondas na antartica

De volta à Antartica e mais uma vez, sem tempo de manter este blog :-(. Por mais que eu tente, não tenho tempo, dorme-se muito pouco por aqui. Mas um dia, quem sabe...então, pra distrair, um vídeo dos primeiros minutos do ano, pulando as 7 ondas na antartica. Sensação indescritível ter os bitbergs na altura nos olhos, com aquela névoa...é realmente não tem preço...
http://www.youtube.com/watch?v=hB0hJluH-70

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Primeiros dias, primeiras impressões

18/12/2008 - 5a feira

O Ary Rongel já tinha partido na noite anterior pra Frei pra buscar o pessoal do Arsenal. Logo de manhã parti com o chefe, a Juliana Vanir e o Newton (do projeto Criossolos) pra Yellow Point - ponto que leva esse nome por causa da coloração amarelada das rochas e sedimentos. Eles precisavam fazer umas leituras de CO2 no solo e trocar o hidróxido de sódio de um dos sites escolhidos para o experimento deles. Além disso, leram temperatura e coletaram algumas amostras de solo para verificar a umidade e carbono de biomassa microbiana.

Sim, tudo muito complexo! E olha que eu já estou simplificando bastante aqui! E isso é uma micro parte dos projetos que rolam por aqui. Tem mil coisas acontecendo e o povo já chegou com tudo, coletando, montando e arrumando os laboratórios, etc...sempre tem gente indo pra todo lado. Sem falar do GB, que tá sempre fazendo alguma coisa tbm!


Na volta, paramos num ponto turístico daqui, que é a Baleia. Na verdade, a estação foi montada no local de uma antiga estação baleeira inglesa que foi abandonada na década de 50 (dado este recebido extra oficialmente, o que significa que pode ter sido bem depois). Aliás, é uma história muito boa o jeito como a escolha do local foi feito (segundo os boatos, versão não oficial, lembrem-se bem).


Depois de anos de estudo sobre possível lugares para se estabelecer a estação, finalmente foi feita uma lista de 10 possíveis sites. Em 1984, quando veio o navio e toda a equipe de montagem, foram todos direto ao 1o colocado da lista. Porém, naquele ano havia ocorrido um intempérie e o local estava inacessível. Seguiram então para o 2o lugar da lista. O mesmo havia ocorrido. E assim a coisa seguiu até o 10 o colocado da lista.


Deparando com tal situação, restavam duas alternativas. Voltar ao Brasil ou achar um novo local. E foi então que alguém lembrou que tinha ouvido falar da Península Keller. Vieram pra cá e montaram a estação, que na época, era bem menor do que a de hoje.


Voltando à estação baleeira inglesa. Depois de abandonada, Jacques Cousteau passou por aqui em uma de suas andanças pelo mundo e aproveitou os ossos de baleia que estão espalhados por todos os lados por aqui e montou o esqueleto de uma baleia na praia, a qual permanece aqui até hoje.


Voltando do Yellow Point, rolou o almoço, que acontece todos os dias da semana às 13hs, no sábado às 14h e no domingo as 15h. Na verdade a rotina da estação é um pouco de todo mundo faz tudo. Só assim mesmo pra coisa funcionar. Afinal, numa comunidade tão pequena, se as pessoas não tiverem bom senso e senso de trabalho em equipe, não tem como dar certo. Então o que rola é o seguinte. Cada dia tem uma equipe diferente de serviço, ou de rancho, como dizem por aqui. É um dia puxado, porque começa as 5 de la matina, com o preparo do pão e do café da manhã. A equipe faz tudo, desde o café até o jantar, passando pelo preparo, arrumação e limpeza. Acaba lá pelas 21h. Geralmente é composta de umas 5 pessoas, além do Cuca e do auxiliar. A pior tarefa é o alho. O resto é moleza. No domingo o Cuca não trabalha e a equipe se vira pra cozinhar. Só que se livra do jantar...é cada um por si. Nada mal. Feriados funcionam como domingos.


Além do rancho, há um rodízio diário para a limpeza dos banheiros femininos e masculinos. Os encarregados ficam responsáveis também pela limpeza dos corredores e panos de chão. Aí no sábado é que vem o trampo de verdade. É o famoso faxinão!! Começa lá pelas 15:30h e vai até a hora que terminar. Aí é tudo! A estação toda mesmo, desde o garajão e ferrazão, até a academia e lavanderia. Só os camarotes, laboratórios e sala do alpinista. Estes são responsabilidade das equipes e pessoas envolvidas e devem ser feitas regularmente.


Depois do almoço fui com o Chefe até o Refúgio 2. Fomos de quadriciclo, já que era só uma viagem de reconhecimento. Passamos pelo Refugio 1, Punta Plaza, Ipanema e finalmente refugio 2. De lá fomos até a geleira (Demay glacier). Lindíssima, como todas as geleiras do mundo. Chega-se ao pé dela, maravilhosa mesmo! No caminho, alguns filhotes de elefante marinho, muitos pinguins (Adele, Antártico e Papua) e algumas skuas e trinta réis, os habitantes locais.


Voltando do passeio de reconhecimento, passei pra função barraca. Na verdade, o pessoal que veio do acampamento da Ilha Elefante - onde um pessoal fica acampado pra estudar os elefantes marinhos (por que será que se chama ilha Elefante?) - desmontou acampamento e acabei ficando com a função de limpar as barracas pro próximo grupo, função essa geralmente executada pelo pessoal da ESANTAR. Segundo o Baixo, eram só duas barracas. Na hora que eu vi, as duas tinham virado três. Mas não eram três barraquinhas quaisquer. Eram só uma jabuti, uma Arctic Chief - composta de 3 partes gigantes, e uma normal da North Face.


Já logo improvisei um varalzão e montei minha maloca. Parecia mesmo. Aquele bando de pano pendurado. Limpei a primeira barraca da North Face e uma parte da segunda e deixei ali secando. Trampo tranquilo, pendurar aquelas barracas sequinhas sozinha...baba...tão baba que travei as costas e aprendi a lição...peça ajuda ao GB. Ainda bem que foi só uma travadinha, ainda não deu pra parecer uma velhinha andando...


À noite, jantar, reunião e...ACADEMIA!! Sim, a estação tem uma academia gigante, cheia de equipos de musculação, três esteiras, duas bicicletas, um puta telão e um som bem alto! Deu pra correr, mas meus músculos provavelmente irão sumir, depois de um mês sem escalar...buááá...já dá até pra ver...


Sei que o Ary Rongel chegou à noite em frente à EACF, mas o vento estava forte (o bote ficava voando e batendo na água, só pra ter uma noção) e não conseguiram desembarcar o pessoal do Arsenal, e portanto, o pessoal acabou dormindo lá mesmo.


19/12/2008 - 6a feira


O pessoal do Ary Rongel finalmente conseguiu descer de manhã. Era meu dia de banheiro. Os comandantes O'Reilly e Marcello desceram também junto com o restante do pessoal do Arsenal. Eu, como alpinista, fui designada pra mostrar os arredores da estação. O tempo estava razoável então acabei indo com eles até a baleia e depois até Punta Plaza. Pra variar, várias fotos e muitos pinguins. Nada de elefantes marinhos dessa vez.


Depois do almoço rolou uma palestra com o Chefe, Sub e coordenadores de projetos. Dessa maneira, todos ficaram sabendo das rotinas da estação, do GB, dos grupos de pesquisa, etc...Também ficamos sabendo um pouco mais sobre cada projeto e a logística envolvida em cada um deles.


À noite, rolou o happy hour de boas vindas - o famoso happy hour do Sub, que faz questão de preparar tudo e tem seu cantinho garantido perto do computador - ai de quem tentar mudar a música! Excelente maneira de integrar a galera!


Mal sabíamos que o happy se tornaria uma tradição nessa 3a fase para alguns. Estava tão bom que nem vimos a noite passar. Aliás, que noite? Não escurece por aqui, então na hora que vimos já eram 6 de la matina e estávamos quase todos lá ainda.


20/12/2008 - sábado


Mais um bom dia, pra variar. Fui, alpinista que sou, acompanhando a Juliana Vanir e o Newton na saída deles. Eles precisavam fazer leituras em três pontos próximos ao refúgio dois (P3, P4 e P5). Achei péssima a idéia, eu, que odeio andar. Toda aquela coisa simples de hidróxido de sódio pra medir as concentrações de CO2, etc...Depois de três pontos, já estava craque e a partir daí passei a ajudar a Ju em todas as saídas.


Foi um dia regado de boas imagens e tempo razoavelmente bom, sem muitos ventos. Só não estava um céu azul, mas deu pro gasto. De novo fui até a geleira. Lá perdi meus óculos escuros. Ou eu achei que tivesse sido lá. Quando voltei pra me encontrar com a Ju e com o Newton, já muito triste com a minha perda e quase desesperada porque não tinha levado um par extra, só dá o Newton: "Não são eles ali, nadando??" Já estavam na água, por sorte perto o suficiente pra EU não ter que sair nadando atrás deles.

No caminho de volta, alguns ninhos de skuas e muitos musgos, gramíneas, e liquens, nos quais a gente não pode pisar de jeito nenhum. Eu como alpinista, sou responsável por orientar os pesquisadores, então tentem só imaginar: "Cuidado com os musgos...olha a gramínea...olha o mato..." Já virei até motivo de chacota!! Tudo é "Olha o musgo!"


De volta à estação, academia, só pra andar mais um pouquinho.


21/12/2008 - domingo

Acordando, saí pra passear, afinal hoje era dia de folga do povo e queria propiciar pelo menos uma caminhada até o Morro da Cruz para algumas pessoas. Foram comigo Luciana Banana, Luciano Marani, Gabriel Meteoro (primo) e Maysita. Na verdade, era somente uma incursão à Casinha de Cachorro, que é uma antena que fica no topo do morro, na base do Morro da Cruz, pra ver as condições do caminho. Pareceu tranquilo.


Quando estávamos lá em cima, apareceu um outro grupo, maior, com o ESG e com o Odair: Rafa, Gabriel, Bel, Carol, Ju Vanir, Luis, etc...Como não tínhamos permissão do chefe pra ir até o Morro da Cruz, resolvemos voltar pro almoço e fazer uma excursão depois do almoço até lá.


E foi o que fizemos. Almoçamos e depois voltamos. Foi a maior galera, acho que estávamos em 20 pessoas!! Fui eu, o Chefe e o ESG coordenando. Tinha um pessoal do Arsenal mais atrás, então segui com eles incentivando, principalmente o Jorginho e o Dalton. Dos pesquisadores foram: Luciana Banana, Carol, Gabriel Meteoro, Marquinho, Juliana Vanir, Nathalie, Viviane e Lucianos.


Conseguimos chegar no platô bem na base do cume, mas os últimos 15 metros estavam que era puro gelo e resolvemos não subir. Chegar ali já foi o máximo, todo mundo se divertiu. Virou guerra de "neve" (entre aspas pq a neve estava bem velhinha), boneco de "neve"; tiramos fotos do visual lá de cima (que infelizmente não estava dos melhores por causa das nuvens) e depois da bagunça toda começamos a descer.


Lógico que apesar do aviso de que seria uma caminhada de umas 5 a 6 horas (a idéia era subir o morro da cruz e descer pelo lado do refúgio 2, o que alongaria a caminhada), quando o chefe disse que estava voltando pra estação, metade do grupo quis ir de volta com ele.


E assim foi feito. Metade voltou e o resto seguiu comigo e com o ESG. Descemos pelo outro lado até um neveiro e seguimos em direção ao refúgio 2. Lá encontramos uma rampa excelente pra ski-bunda. Aí o povo se divertiu a valer mesmo. Claro que eu não poderia deixar de participar. E foi um pouco antes disso que minha bota dupla rachou no meio! Inacreditável! Rachou no meio!! Sem dó! Fui administrando a rachadura até chegar de volta à estação. Sem stress. A uns 100 metros da estação ela abriu o bico! Perdeu sola, palmilha, etc, voltei praticamente descalça naquelas pedras nada geladas.


Voltando à estação, jantarzinho básico e daí a luz se fez. Eu, que também NÃO gosto de fotografar, tive que sair pra fotografar com a galera (Thais,Emilia, Itamar, Maysa, Leandro Cabeça). Mas nem cheguei no meio do caminho até Punta Plaza, já tive que parar, porque a luz estava animal de linda. Fiquei lá fotografando até acabar a bateria da canon. No que eu estava indo até Punta Plaza, o povo tava voltando. Ainda bem que minha amiga Thais é linda e tinha trazido algumas cervejas Antárticas pra gente na mochila. Aliás, nada mais condizente, convenhamos...






Agora vai!

17/12/2008 - 4a feira

Fomos pro aeroporto, todos meio descrédulos, mas fomos assim mesmo. Mais uma viagem no esprimido Hercules, mas fomos contando piadas, cochilando, batendo papo e assim o tempo passou rápido. Quando deram a notícia que íamos pousar, ficamos todos na expectativa, afinal, tinha sido a mesma coisa no dia anterior.

Mas dessa vez foi. Pousamos em Frei.

Quando a porta se abriu, foi uma confusão de sentimentos. Era uma imensidão gelada de pedras. Uma paisagem e sensação meio lunar...Máquinas e estruturas gigantes, de metal, caminhonetes 4x4 gigantes rodando a milhão por aquelas estradas de pedra negra. Fiquei extasiada, e ao mesmo tempo um pouco decepcionada. "Onde está todo o gelo??". Foi um pensamento inevitável. Eu já sabia que a neve aqui derretia bastante no verão, mas nunca imaginei que fosse a esse ponto. Pensei. "Nossa, como é que alguém pode ser tão sortuda e tão azarada ao mesmo tempo??".

Mas tudo isso foram sentimentos passageiros, ao andar pela estrada e sentir a a atmosfera do lugar, entendi tudo. Lembrei também que a Península não está realmente na Antártica, mas sim numa região sub-Antártica...algo meio que equivalente ao norte da Inglaterra no hemisfério norte.

Pegamos uma carona com o Schumman e uns caras da base chilena até a estação. Entramos no quentinho e aos poucos fomos encontrando rostos conhecidos. Caia, Rodrigo, Layser e logo em seguida Baixo, Mirthou, Milena, Nathi. Entramos na estação e na área de concentração deles, mas logo saímos pra fotografar e socializar com o povo que estava chegando e pirar porque, afinal, ESTAMOS NA ANTÁRTICA!!

Enquanto os VIPs voavam de helicóptero (meia hora até a estação), nos dirigimos para a praia onde pegaríamos o bote até o navio Ary Rongel. Lá ficamos até toda a carga ser trazida e colocada no bote até o navio.

Interessante Frei...Uma paisagem meio lunar, com colinas e vales rochosos e visual cinzento, o qual se torna ainda ainda mais monotom com o céu nublado. Ladeira abaixo nesse estilo até a praia. Pra quebrar a monotonia do lugar, algumas casinhas de metal vermelho, outras pintadas das mais variadas cores. Uma escola e uma igreja.

Mais abaixo, a praia e os botes nos aguardavam. Põe tudo no bote. Uma, duas, três viagens até o navio com o big krill (bote maior e mais estável, com capacidade pra até 12 pessoas).

Finalmente chegou minha vez. Subi no big krill e olhei pra água. Incrível a cor da água. Azul turquesa intenso. Impressionante. Isso sem sol, imagina com...

Bote imbicado na popa do navio, cuidado com os degraus. A bordo do tão falado Ary! Direto pra plaza d'armas, mas com direito a um tour antes, com passagem pelo passadiço.

Mais tarde, já depois de vários cafés e bolachinhas eu e Marcello descobrimos que tinha um povo jogando pingue pongue. Lógico que fomos lá. Estranho jogar com o navio balançando (não que ele estivesse balançando tanto assim, aliás pelo contrário, achei ele bem estável, mas de vez em quando...)

Fomos chamados pra ver as baleias a bombordo, mas não vi nada...too late. Nessa tentativa de avistamento de baleias tive que subir ao passadiço, que acredito que seja o pior lugar pra se estar com o mar mexido. Lógico que eu, com minha super resistência a enjoos e ao balanço do mar, fiquei maaal e tive que descer à Plaza d'armas. Tinha gente jogando master, outras pessoas assistindo a um filme, outras somente conversando. Eu mesma, mesminha, só quis deitar no chão e capotar. Lá fiquei sei lá eu quanto tempo, um monte!

Quando melhorei, encontrei o pessoal que estava no TPA, (os pilotos de helicóptero e alguns mergulhadores) e engatei na conversa com eles. Até já terem passado as 3 horas e meia de viagem que leva até a Estação Antártica Comandante Ferraz. Só me dei conta porque de repente sumiu todo mundo e alguém falou que eles já estavam prontos na popa colocando os mustangues (macacão laranja que usamos sempre que estamos na água).

Desci pelo labirinto que é o Ary e, depois de algumas indicações do caminho correto, consegui chegar ao deck...Todos debaixo da chuva, com seus mustangues, esperando para desembarcar. Lá ao fundo, a tão sonhada e desejada EACF!!

O problema era chegar até ela!! Um mar revirado, uma puta chuva e um frio razoável, diria até, antártico!

Mas conseguimos. Na praia, ou melhor, na pequena plataforma de desembarque, sob chuva, fomos recebidos pelo chefe e pelo sub com um grande abraço. Me senti muito bem recebida. Ajudei a carregar mochilas e andainas (não sei se falei, mas as andainas são malas de brim gigantes onde vêm as roupas fornecidas pela ESANTAR) e só então entrei na estação.
Lá fomos recebidos com café quentinho e biscoitos antárticos.

Fui apresentada pra parte do GB (Grupo Base) e pro meu camarote. Fui escalada pra dormir com a Doc, a Valeska, carioca gente boa!

E foi assim que eu cheguei.
Banhão pra dar aquela aquecida e logo já rolou uma reunião com o chefe. Rotina de trabalho: todos os dias, 20h, reunião no auditório com o chefe e coordenadores de cada projeto.

Mas como ninguém é de ferro, em seguida rolou uma socialzinha pro povo se integrar. Ficamos jogando conversa fora na sala de estar até altas horas e como não escurece nunca, lógico que nem vi a hora. Quando olhei no relógio, já eram 4 de la matina! Cama na hora!!

Será que agora eu chego na Antártica?

16/12/2008 - terça

Saí um pouco atrasada pra pegar o ônibus (ok, só 10 minutos, mas o suficiente pra deixar a tia Alice possessa!).

Chegamos ao Hotel Don Filippe com a notícia de que talvez não conseguíssemos decolar hoje por causa do mal tempo. Na verdade em Punta Arenas o tempo tava bom, mas parece que em Frei (estação Chilena na Antártica onde pousa o Hércules) o tempo estava muito ruim.

Sei que ficou num embaço só, pra decidir onde o ônibus ia ficar, se ia trancar ou não, se o motorista ia ficar lá ou não, pra decidir se íamos poder mexer nas andainas ou não....enfim, se ou nãos...Finalmente decidiram que não sairíamos antes das 14h, então ficou decidido de nos encontrarmos lá no Finni Ester as 12:30h, para irmos pro aeroporto...ou não...

O Setzer já tinha feito a previsão do tempo e disse que tínhamos 20% de chances de pousar, mas mesmo assim, quem decide é a marinha!

Nessas o Schumman me escalou e fui com ele até uma loja maravilhosa de equipamento outdoor...Fiquei babando, querendo levar tudo...É isso que dá entrar nessas lojas, fico com vontade de levar tudo e mais um pouco...mas eu, libra que sou, não levei nada...

De lá fomos pra Zona Franca. Ainda estava tudo fechado, acho que abre só as 10h. Dei uma olhada lá, comprei umas cositas e pra variar, me atrasei. Já estava super em cima da hora, mas não passava nenhum táxi que ia direto, então acabei pegando o táxi colectivo. Perguntei se ele ia rápido e o cara falou que sim. Doce ilusão... demorou hoooras e quase deu a volta na cidade toda. Desci e peguei outro, direto dessa vez!!! Cheguei bem em cima da hora.

Daí fui informada que a saída tinha sido adiada...ufa!! Pras 13:30h. A mairoria das pessoas não acreditava que íríamos sair, porque o tempo ainda estava muito ruim e o Setzer continuava insistindo nos 20% de chances de pouso.

Sei que acabamos saindo (saímos do Finnis Ester, junto com os VIPs), as 13:30h em ponto! Fomos pro aeroporto, descarregamos (do ônibus) e carregamos tudo (no Hercules) (malas, andainas, marinheiras, barris, marfinites, etc) e embarcamos. O tempo estava horrível, mas fomos na esperança de conseguirmos.

Três horas e meia de voo e nada de pousar. A base chilena não dava autorização. Até baixamos bastante e o piloto desceu o trem de pouso e tudo. Mas nada. Uma hora e meia sobrevoando a base pra ver o que acontecia, se abria aquela pequena janela. Mas nada. Os VIPs estavam sem sorte.

Voltamos. Mais três horas. 22h. Pousamos em Punta Arenas.

Amanhã outra tentativa. Nem desfiz as malas.

A única coisa que valeu foi o visual que aproveitei na cabine de novo (aliás, passei a maior parte da volta do voo com os VIPs e na cabine dos pilotos). Estava ANIMAAL!! Aproveitei e vi o pouso lá da frente. Pena que acabou a bateria da filmadora bem na hora...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Punta Arenas, ainda!!



15/12/2008 - 2a feira

Acordamos cedo e logo partimos pro café maravilhoso do Hotel Manta. Ainda bem que só passo um dia aqui, senão iam ser uns 2 kilos. Logo durante o café já conheci o Glauco, um gaúcho maravilhoso, gente boa mesmo.

De repente, nos deram a notícia que o ônibus saia as 7h pro aeroporto! Não sei porque, jurava que estava marcado pras 7:30h. Como o elevador não chegava, subi correndo pelas escadas até o 12o andar! Lembrei da piada do português. Cheguei no ônibus esbaforida, pensando que só faltava eu. Lógico que não!! A saída estava mesmo marcada pras 7:30h e algum cabecinha me passou a informação errada. Mas beleza, pelo menos eu estava pronta.

No aeroporto, mais um embarque no Hercules. Sentei no mesmo lugar, mas dessa vez, por causa da chuva, meu tão querido assento estava molhado por causa de uma goteira em cima de mim. Logicamente não tinha nenhum outro assento livre, então tive que encarar assim mesmo!

O voo de hoje é a parte mais longa do percurso, com 6 horas de voo. Com direito a almoço e lanchinho da tarde. O frio começou a pegar lá atrás. Depois das primeiras horas, já estava todo mundo com a bunda dura e entendiado. Mil laptops foram sacados das mochilas e tinha filminho passando pra todo lado. A parte traseira do avião virou sala de estar, pessoas reunidas, contando histórias (e estórias), piadas e se matando de rir. Lá na frente o pessoal dormia aquecido pelo calor humano.







Eu mesma resolvi invadir a cabine dos pilotos e lá passei grande parte do meu dia. De novo, com direito a café e uma aula completa sobre o equipamento. Além de uma bela vista da Cordilheira dos Andes próxima a Ushuaia.



Depois do longo voo, finalmente pousamos em Punta Arenas. Um trâmite anteriormente tranquilo se transformou num verdadeiro caos para os militares. Ficamos encalhados na imigração. Mas depois de algumas horas (ok, estou exagerando aqui, não foi tão ruim assim) tudo deu certo e partimos no ônibus até os hotéis.

As pessoas já estavam eufóricas para fazer as compras na Zona Franca em Punta Arenas. Já ouvi falar que tem gente que volta até com TV tela plana de 72 polegadas no avião!! Acho que é lenda! Enquanto nós estávamos com pressa, parece que o motorista não tava nem aí...nunca vi ninguém tão lerdo! O outro ônibus já devia estar no Hotel faz tempo!!

Depois de um tour que o motorista também fez questão de nos propiciar, chegamos finalmente ao hotel. Ficamos distribuidos em 3 hotéis: Don Filippe, para os mais ricos; Calafate, para os mais pobres (eu!) e Finni Ster (sei lá como escreve), pros não tão ricos. (Calafate US$25/noite/banho compartido, quarto duplo).

Saímos correndo pra ZF (eu, Gabriel, Fernanda, Thais, Rafael, Bel) e descobrimos que na época de Natal fecha mais tarde (normalmente fecha as 18h, mas nessa epoca fica aberto até as 20h). Comecei junto com os meninos, mas logo em seguida já segui sozinha. Lógico que eu, libra que sou, não comprei nada (ou pelo menos nada essencial).

Pra chegar na Zona Franca peguei um taxi. Só que os taxis em Punta Arenas são bem loucos. É tipo uma lotação. Tem um número em cima e cada número faz um percurso. Daí o carro vai parando nas paradas de táxi e pegando pessoas no caminho até lotar. Mesmo lotado ele faz o mesmo percurso. Cada rodada custa 350 pesos chilenos (R$1,00=PC$235)

Achei algumas coisas baratas, mas outras bem caras. Corri pro shopping novo (Pionero Mall) e passei pela Andesgear. Tinha algumas cositchas, mas como tava na dúvida de tudo, resolvi não comprar nada! Já dizia...na dúvida, não compre!!

Voltei pra cidade, mas já eram 22h. O pessoal do Calafate tinha combinado de ir comer no La Marmita as 21h. Estava atrasada...nem sabia que isso viraria uma rotina quando a Thais tivesse envolvida.

Indo ao La Marmita, passei pelo Finni Ster pra ver se tinha alguém lá indo. Nessas, no que estou entrando, sai o Romanelli e todos os VIPs que tinham chegado aquela noite em Punta Arenas. Me apresentou pra galera, e não tive saída, fui logo convocada pra um jantar com eles. Logicamente, nao tive como avisar a Thais e companhia e nem compareci ao La Marmita...seria o primeiro de vários canos...

Nós VIPs fomos num restaurante bom (que lógicamente não lembro o nome) e caro. Não sei bem quem eram os VIPs, até hoje não sei todos os nomes, nem os cargos. Muita gente pra pouco tempo, mas um pessoal gente finíssima.

Lógico que eu tinha que aprontar alguma, então já logo derrubei uma taça inteira de vinho bem em cima de mim e ao lado do Brigadeiro...ainda bem que ele é gente boa e já jogou logo um guardanapo em cima da mancha disfarçando. Ninguém nem percebeu.... espero...Ainda bem também que tinha um saleiro bem avantajado e deu pra secar a mancha na minha calça rapidinho.

Depois do jantar, ainda tinha a esperança de encontrar meus amigos no La Marmita, mas os VIPs ficaram uma eternidade pra voltar pro hotel. Pararam no pé do Indio (o Indio é uma estátua que fica na praça central de Punta Arenas e diz a lenda que se vc quiser voltar pra lá, tem que beijar o pé do índio! Tô fora!) pra tirar foto, passaram por um pub subterrâneo, voltaram pra praça, deram zigue zague nos quarteirões, até finalmente chegarmos ao hotel.

Saí de lá com a intenção de encontrar o La Marmita, mas já era mais de meia noite. Até rodei, não achei...desencanei...dancei...

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Wishing you HAPPY HOLIDAYS!


Onde??

Só pra deixar a coisa mais visual, aí vai a minha localização.
Estou na Pensinsula Keller, localizada na Ilha Rei George, Antártica. É uma ilhota, perto da grandiosidade do continente gelado, mas não deixa de ser gelada também.

Na foto abaixo, dá pra ver o percurso: São Paulo, RJ, Pelotas, Punta Arenas, Frei, EACF.


E agora um close da península Keller.