terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Agora vai!

17/12/2008 - 4a feira

Fomos pro aeroporto, todos meio descrédulos, mas fomos assim mesmo. Mais uma viagem no esprimido Hercules, mas fomos contando piadas, cochilando, batendo papo e assim o tempo passou rápido. Quando deram a notícia que íamos pousar, ficamos todos na expectativa, afinal, tinha sido a mesma coisa no dia anterior.

Mas dessa vez foi. Pousamos em Frei.

Quando a porta se abriu, foi uma confusão de sentimentos. Era uma imensidão gelada de pedras. Uma paisagem e sensação meio lunar...Máquinas e estruturas gigantes, de metal, caminhonetes 4x4 gigantes rodando a milhão por aquelas estradas de pedra negra. Fiquei extasiada, e ao mesmo tempo um pouco decepcionada. "Onde está todo o gelo??". Foi um pensamento inevitável. Eu já sabia que a neve aqui derretia bastante no verão, mas nunca imaginei que fosse a esse ponto. Pensei. "Nossa, como é que alguém pode ser tão sortuda e tão azarada ao mesmo tempo??".

Mas tudo isso foram sentimentos passageiros, ao andar pela estrada e sentir a a atmosfera do lugar, entendi tudo. Lembrei também que a Península não está realmente na Antártica, mas sim numa região sub-Antártica...algo meio que equivalente ao norte da Inglaterra no hemisfério norte.

Pegamos uma carona com o Schumman e uns caras da base chilena até a estação. Entramos no quentinho e aos poucos fomos encontrando rostos conhecidos. Caia, Rodrigo, Layser e logo em seguida Baixo, Mirthou, Milena, Nathi. Entramos na estação e na área de concentração deles, mas logo saímos pra fotografar e socializar com o povo que estava chegando e pirar porque, afinal, ESTAMOS NA ANTÁRTICA!!

Enquanto os VIPs voavam de helicóptero (meia hora até a estação), nos dirigimos para a praia onde pegaríamos o bote até o navio Ary Rongel. Lá ficamos até toda a carga ser trazida e colocada no bote até o navio.

Interessante Frei...Uma paisagem meio lunar, com colinas e vales rochosos e visual cinzento, o qual se torna ainda ainda mais monotom com o céu nublado. Ladeira abaixo nesse estilo até a praia. Pra quebrar a monotonia do lugar, algumas casinhas de metal vermelho, outras pintadas das mais variadas cores. Uma escola e uma igreja.

Mais abaixo, a praia e os botes nos aguardavam. Põe tudo no bote. Uma, duas, três viagens até o navio com o big krill (bote maior e mais estável, com capacidade pra até 12 pessoas).

Finalmente chegou minha vez. Subi no big krill e olhei pra água. Incrível a cor da água. Azul turquesa intenso. Impressionante. Isso sem sol, imagina com...

Bote imbicado na popa do navio, cuidado com os degraus. A bordo do tão falado Ary! Direto pra plaza d'armas, mas com direito a um tour antes, com passagem pelo passadiço.

Mais tarde, já depois de vários cafés e bolachinhas eu e Marcello descobrimos que tinha um povo jogando pingue pongue. Lógico que fomos lá. Estranho jogar com o navio balançando (não que ele estivesse balançando tanto assim, aliás pelo contrário, achei ele bem estável, mas de vez em quando...)

Fomos chamados pra ver as baleias a bombordo, mas não vi nada...too late. Nessa tentativa de avistamento de baleias tive que subir ao passadiço, que acredito que seja o pior lugar pra se estar com o mar mexido. Lógico que eu, com minha super resistência a enjoos e ao balanço do mar, fiquei maaal e tive que descer à Plaza d'armas. Tinha gente jogando master, outras pessoas assistindo a um filme, outras somente conversando. Eu mesma, mesminha, só quis deitar no chão e capotar. Lá fiquei sei lá eu quanto tempo, um monte!

Quando melhorei, encontrei o pessoal que estava no TPA, (os pilotos de helicóptero e alguns mergulhadores) e engatei na conversa com eles. Até já terem passado as 3 horas e meia de viagem que leva até a Estação Antártica Comandante Ferraz. Só me dei conta porque de repente sumiu todo mundo e alguém falou que eles já estavam prontos na popa colocando os mustangues (macacão laranja que usamos sempre que estamos na água).

Desci pelo labirinto que é o Ary e, depois de algumas indicações do caminho correto, consegui chegar ao deck...Todos debaixo da chuva, com seus mustangues, esperando para desembarcar. Lá ao fundo, a tão sonhada e desejada EACF!!

O problema era chegar até ela!! Um mar revirado, uma puta chuva e um frio razoável, diria até, antártico!

Mas conseguimos. Na praia, ou melhor, na pequena plataforma de desembarque, sob chuva, fomos recebidos pelo chefe e pelo sub com um grande abraço. Me senti muito bem recebida. Ajudei a carregar mochilas e andainas (não sei se falei, mas as andainas são malas de brim gigantes onde vêm as roupas fornecidas pela ESANTAR) e só então entrei na estação.
Lá fomos recebidos com café quentinho e biscoitos antárticos.

Fui apresentada pra parte do GB (Grupo Base) e pro meu camarote. Fui escalada pra dormir com a Doc, a Valeska, carioca gente boa!

E foi assim que eu cheguei.
Banhão pra dar aquela aquecida e logo já rolou uma reunião com o chefe. Rotina de trabalho: todos os dias, 20h, reunião no auditório com o chefe e coordenadores de cada projeto.

Mas como ninguém é de ferro, em seguida rolou uma socialzinha pro povo se integrar. Ficamos jogando conversa fora na sala de estar até altas horas e como não escurece nunca, lógico que nem vi a hora. Quando olhei no relógio, já eram 4 de la matina! Cama na hora!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário